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Confesso que me ultrapassa a forma como em 2020 ainda existem grupos de pessoas que acreditam poder impor as suas vontades e moral nos outros. Creio que estes fenómenos apenas revelam uma falta de respeito e consideração pelo próximo, e assim, fico feliz que a voz da liberdade tenha ecoado nos nossos deputados, e que tenhamos conquistado mais um direito. O direito à eutanásia. De qualquer forma, temos de ser coerentes e defender a liberdade de quem não a quer praticar, e de todos os médicos que se recusem a praticá-la.

Como não confio muito na raça humana quando há dinheiro envolvido, isto vai precisar de leis sólidas e de um estado forte que monopolize todo o processo. Terá de legislar de tal forma, que bloqueie a possibilidade de empresas privadas poderem tirar qualquer lucro em qualquer fase do processo. Caso contrário, essa possibilidade irá deturpar o princípio da “morte digna”, e certamente terminar a vida de alguém que “se calhar até não morria hoje”.

Se no sector privado existir quem preste serviços correlacionados com a eutanásia, nem consigo imaginar os profissionais dessas empresas a pensarem numa marca, num slogan, em campanhas de marketing ou mostrar números numa reunião de “vendas”. Estão a ver os trocadilhos e as piadinhas a aparecerem?!

Por muito que saibamos que os nossos serviços públicos possam ter ineficiências e gestão assim-assim, o estado terá de ser o único condutor desta última paragem. Folgo em saber que todas as propostas apresentadas na Assembleia da Républica, eram bastante cautelosas e zelaram por evitar o “turismo de morte”, dando apenas acesso à prática da eutanásia por pessoas de nacionalidade portuguesa ou residência legal.

Espero que esta lei consiga proporcionar dignidade a quem precisa, e espero nunca ver os privados a conspurcar este direito.