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Muitas marcas estão neste momento a desenvolver uma
estratégia de eCommerce. Tal implica perceber que o eCommerce mobile está em
crescimento e que para que as estratégias resultem temos que pensá-la de outra
forma que não o “tradicional” eCommerce.
Vejamos o que se passa neste momento na Ásia. Uma das
vantagens em olharmos para o mercado asiático é de alguma forma conseguirmos
antever um pouco daquilo que poderá ser uma realidade nos próximos tempos no
que ao eCommerce diz respeito. A Ásia está de facto à frente. Muito se deve ao
facto de serem altamente tecnológicos, pois grande parte das marcas
tecnológicas líderes que conhecemos são oriundas destes países, mas também ao
facto de em muitos destes países, sobretudo da APAC, os consumidores serem
mobile. Isto é, estes consumidores entraram na era mobile diretamente, não
passaram pela “era desktop” e são nativos mobile. Vejamos alguns dados
partilhados pela Tech in Asia. Desde 2019 existem mais de 7 milhões de
consumidores mobile, sendo no total 350 milhões de pessoas na APAC. Cerca de dois
terços do total de downloads feitos são de apps.
Que oportunidades existem para pensar o eCommerce em
mobile de forma nativa?
1) Interseção entre o eCommerce e o Entretenimento
O eCommerce via mobile assenta em aplicações que
utilizam e tiram partido do dispositivo móvel e que abrem a porta ao
entretenimento e à construção de experiências com maior “engagement”. Por
exemplo: uma marca de cosmética que tenha uma aplicação poderá tirar partido da
funcionalidade da câmara que existe em dispositivos mobile para proporcionar
uma experiência em realidade aumentada em que os clientes podem interagir com
os produtos, experimentando-os virtualmente em si (por exemplo: experimentar um
baton).
2) Surgimento das “Live shopping experiences”
O Live Commerce traduz-se numa oportunidade em
crescendo e tem cada vez mais adeptos. O formato acaba por contribuir por
replicar muito do tal teatro de vendas das lojas físicas. Há um estímulo, uma
adrenalina que envolve o consumidor, promove o desejo de compra e desperta toda
a componente sensorial e hedónica associadas ao ato de comprar numa loja
física.
A título de exemplo, a Louis Vuitton foi a primeira
marca de a organizar uma Live Commerce no Little Red Book – uma plataforma
social e de e-commerce chinesa. A transmissão contou com dois influenciadores
digitais que partilharam dicas de estilo de acessórios e pronto-a-vestir da
coleção de verão da marca. Esta transmissão ao vivo obteve mais de 880.000
visualizações na plataforma e aproximou sobretudo a geração mais jovem à marca.
3) Crescimento do “Conversational commerce”
Trata-se da utilização de aplicações de conversa como
o Whatapp e Messenger como canais de venda e também de aplicações de chat,
chatbots ou até de assistentes de voz.
O WhatsApp é a aplicação de mensagens número um, com
mais de 2 mil milhões de utilizadores ativos. O Messenger tem cerca de 1,3 mil
milhões, no entanto, é a app mais popular do mercado americano. É seguido pelo
WeChat, de propriedade chinesa, com 1,2 mil milhões de utilizadores.
Estas apps permitem o uso de memes, GIFs, vídeos e
emojis que ajudam a manter a conversa leve e aumentam o envolvimento com
cliente e ajudam a criar uma comunicação muito mais pessoal e natural com o
cliente, o que se traduz em taxas de conversão mais altas. E também porque as
oportunidades de venda surgem dentro de um contexto propício. Os dados mostram
que 70% dos clientes emocionalmente envolvidos com uma marca gastam o dobro com
marcas com as quais têm uma conexão emocional em comparação com aquelas com as
quais não têm.
Com o aumento da utilização da voz no eCommerce, é
também favorável o terreno para o desenvolvimento do “convertional commerce”
através de assistentes de voz.
Em suma, quando pensamos em eCommerce mobile e no
desenvolvimento de apps transacionais deveremos ter em linha de conta a
estratégia num sentido mais amplo. Fugir à tentação de replicar as estratégias
de eCommerce pensadas para a web e desktop e pensar em eCommerce mobile de
forma nativa. E este pensar de forma nativa implica olharmos para os benefícios
que nos trazem os dispositivos mobile (voz, camera, conversação, etc) e
utilizá-los para promover a marca e gerar vendas.
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