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Um ano passado após o início da pandemia é tempo de começar
a planear o futuro das empresas nacionais e refletir sobre o significado de
termos uma economia competitiva. Tornar mais resiliente, verde e digital o
nosso país é essencial para atingirmos um futuro com maior independência dos
mercados externos e internacionalizar o know-how e a indústria nacional.
Este foi o tema em debate na conferência de alto nível “Guia
de viagem a uma economia competitiva”, organizada pelo Ministério da Economia e
da Transição Digital e pelo IAPMEI, que a partir do Centro Cultural de Belém,
via digital, deu a conhecer alguns exemplos de empresas portuguesas que inovam
e produzem de modo eficiente.
O momento exige mudanças rápidas e uma articulada execução
de políticas públicas, que Pedro Siza Viera, Ministro de Estado da Economia e
da Transição Digital, considera urgente. Lembrou que a pandemia veio provar que
“o nosso modelo de produção, de abastecimento e de distribuição de bens pode
estar fora do nosso controlo” e por isso é essencial resolver o problema da
autonomia estratégica da Europa, competir num mercado aberto e global e
assegurar mais a autonomia e resiliência da economia portuguesa.
Foi precisamente a resiliência que abriu o debate de ideias
que levou a uma viagem por um Portugal que precisa de olhar para a importância
do conhecimento e de unir a ciência à economia para que no futuro exista
maior capacidade de resposta aos desafios de um novo mercado.
Para Daniel Traça a resiliência anda de mãos dadas com a
sociedade e um sentido de propósito comum que deve ser capaz de nos fazer
reinventar. O dean da
Universidade Nova School of Business and Economics diz
mesmo que o momento que vivemos trata-se de uma “questão de sobrevivência” para
a humanidade onde é urgente olhar para a tecnologia, globalização e
internacionalização e acima de tudo ter em conta a sustentabilidade.
Alexandre Quintanilha, professor e deputado à Assembleia
da República, relembrou mesmo que os seres humanos são “um ecossistema
ambulante” e que o surpreende o facto de não termos mais pandemias já que 2/3
das nossas células não são humanas e 80% da informação que transportamos são
vírus.
É por isso essencial que as empresas comecem a trabalhar em
conjunto com a ciência e sejam capazes de reindustrializar-se no sentido novo, ou
seja olhando para as questões da sustentabilidade, como referiu José Reis, professor
catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador
do Centro de Estudos Sociais.
O Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo
Governo português prevê cerca de 3 mil milhões de euros de investimento para a
área do clima. O que significa que qualquer projeto que queria ser financiado
não pode danificar o ambiente, o que evidencia uma mudança na sociedade e na
economia nacional.
“De janeiro a março deste ano cerca de 80% das energias
provieram de fontes renováveis”, explica Sofia Santos, economista especializada
em financiamento verde, climático e sustentável. “Estamos num bom caminho, mas
isso não chega. Atingir a neutralidade carbónica em 2050 é urgente”.
É por isso essencial que a própria digitalização se faça de
forma mais verde e sustentável já que traz otimização às empresas mas há
servidores com consumos energéticos mais elevados do que algumas cidades.
“Muito do avanço digital teve benefícios ambientais muito
grandes. As pessoas hoje não precisam de viajar tanto, por exemplo”, explica
Nuno Sebastião, ceo da Feedzai. “Todas as empresas vão ser obrigadas a medir a
sua pegada, inclusive as tecnológicas”.
Nuno refere que é essencial capacitar pessoas com
qualificação para as áreas tecnológicas, já que a Europa hoje não é líder em
inteligência artificial. É por isso que também Maria Manuel Leitão Marques,
deputada ao Parlamento Europeu, explica partir de Bruxelas que o primeiro
ingrediente para uma receita de sucesso na transição digital e verde faz-se
através da aposta nas pessoas.
A revolução é grande já que até o mundo financeiro parece estar
a mudar, visto que a própria banca vai ter de começar a olhar para o
financiamento com o propósito de ter um impacto positivo no ambiente.
Clusters: afirmar Portugal no mapa da Europa e no mapa
global
Em Portugal, há 18 clusters reconhecidos e apoiados pelo
IAPMEI. Estes ecossistemas de aglomeração de empresas, associações e centros
tecnológicos representavam, em 2019, 51 milhões de euros em valor agregado.
Mas qual é afinal o benefício para a economia e empresas
portuguesas das dinâmicas de clusterização? Para Fernando Alexandre,
professor da Faculdade de Economia da Universidade do Minho, os clusters são
fundamentais já que “juntam uma massa crítica do melhor que se faz em
Portugal”.
As plataformas colaborativas entre diferentes agentes têm
hoje um papel importante para a economia nacional, representando uma capacidade
transformador capaz de gerar inovação, novos produtos e processos. Já que como
Fernando refere é necessário “afirmar o país em setores ou centros de
competência que se tornam uma marca a nível internacional”.
Um dos exemplos é o cluster do têxtil onde António Braz
Costa, diretor geral do Citeve e do CeNTI, refere ter sido fundamental para o
crescimento de exportações. Já a colaborar com têxteis internacionais, Braz
Costa explicou a importância das empresas não olharem apenas para as
potencialidades do setor onde trabalham mas de colaborarem com outros clusters,
como por exemplo o automóvel.
Já para Joaquim Menezes, presidente do conselho de
administração do Grupo Iberomoldes, desde os anos 60 que as empresas do setor
dos moldes colaboram entre si, pondo de lado questões de concorrência interna e
procurando fazer face à concorrência dos mercados externos.
A colaboração é a palavra-chave dos clusters nacionais que
têm conseguido levar além-fronteiras, o conhecimento, a tecnologia, inovação e
indústria portuguesas.
“A Europa tem de acreditar na indústria”
O papel do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência é
essencial para reforçar também o “Made in Portugal” além-fronteiras numa altura
em que a indústria apela também por apoios nesta fase desafiante.
O acesso aos fundos comunitários e a importância que os
mesmos têm para alavancar projetos de sucesso é fundamental na visão de Luís
Onofre, presidente da APICCAPS, que refere ser essencial existir uma “revisão
das políticas públicas” e uma “Europa capaz de acreditar na indústria” para
sermos mais competitivos no mercado internacional.
A reindustrialização do país, em linha com a ambição
europeia, é um dos caminhos a seguir numa altura em que se espera uma nova
revolução industrial.
António
Amorim, presidente da Corticeira Amorim, refere mesmo que é fundamental
“reforçar a base industrial”, que não se fique apenas pelo turismo, mas acima
de tudo “reduzir as diferenças territoriais” e seguir na linha da frente da
transição digital.
A saúde é
também um dos setores que tem de começar a criar autonomia do exterior, algo
que a pandemia veio mostrar ser essencial para o seu crescimento. António
Portela, ceo da Bial, explica a necessidade de acrescentar “mais valor aos
produtos e serviços que estamos a produzir em Portugal”.
Os temas estarão também em destaque no próximo fim de semana
no Imagens de Marca. Uma emissão especial dedicada aos caminhos de futuro para
tornar a economia e as empresas portuguesas mais competitivas.
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