É moda ser Chef, mas António Bóia afirma que é cozinheiro!

Regressamos às nossas conversas de mesa com António Bóia sentados ao balcão do badalado JNcQUOI, uma das mais recentes apostas do Grupo Amorim Luxury na área da restauração. Não fomos convidados para almoçar. Fomos a pretexto de um trabalho de televisão recolher imagens do responsável pela Seleção Nacional de Culinária, mas que é também, o Chef Executivo deste espaço que quer tornar o “elitismo” acessível a todos. No site da marca lê-se: “um lugar onde a opulência é substituída pela experiência”.

A Jaleca que decidiu envergar foi a que dizia “Team Captain” e, por isso, embora estivéssemos no badalado JNcQUOI e com o Chef Executivo deste espaço, começámos a conversa pelo universo da competição e pelo capitão da equipa portuguesa de culinária. O que muitos não sabem é que António Bóia é um dos fundadores da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal. Num regresso aos longincos anos 70 conta-me como nasceu a instituição. “A associação dos cozinheiros foi fundada em 1974 era uma associação em que se reunia em cafés e cada um trazia uma pasta: um tinha a pasta dos sócios, outro tinha a pasta da tesouraria, etc. Graças a um diretor que esteve no Hotel Ritz passámos a reunir, isto no inicio dos anos 90, na primeira terça-feira de cada mês, podíamos reunir depois das 11 da noite no refeitório do Hotel Ritz. A partir dali organizamos duas competições fora”. Hoje já com uma sede na Lapa, a Associação detém a maior e a única biblioteca gastronómica de Portugal.

Ora aqui estava eu na presença de um dos guardiões da história da nossa gastronomia e de um cozinheiro que teve, desde sempre, uma visão do valor da profissão. Antes de me contar como nasceu a sua paixão pela culinária na sua região de Trás-os-Montes, esclarece-me logo para que não hajam dúvidas: “hoje em dia está um bocadinho na moda ser-se cozinheiro, aliás, a juventude hoje em dia, não quer ser cozinheiro, querem ser Chefs de cozinha. Isto é uma confusão que anda para aí… porque Chef de cozinha não é uma profissão é um cargo”. A aventura na cozinha começou ainda era jovem. A escola tradicional não lhe abria o apetite e então foi à procura do ingrediente que lhe havia de dar até hoje sabor à vida. Imigrou de Bragança para Paris e aí fez a escola de hotelaria e o ensino normal. Trabalhou em França muitos anos até sentir que era um cozinheiro de origem portuguesa sem saber muito da sua própria gastronomia. Voltou a Portugal com a intensão de tirar apenas um curso de cozinha portuguesa, só que a partir daí não parou de ser desfiado para concursos e projetos na área da formação em restauração. Atualmente é na Avenida da Liberdade, a trabalhar para o Grupo Amorim Luxury, que vai colocando a sua paixão.

Ao contrário do que se possa pensar, o Chef é fiel à tradição gastronómica portuguesa, e o nome do restaurante em francês pode até “induzir” em erro. Aliás, conta-me que a escolha da marca “JNcQUOI” envolveu uma grande troca de ideias no grupo. E no meio de tanta indecisão alguém terá dito que o nome deveria “ter ou ser” algo que “je ne sais quoi!”. Assim, de repente, era aquilo! António Bóia define a sua cozinha através de três pilares: produtos de muita qualidade, trabalhados com as técnicas corretas e com muito respeito pelo cliente. A carta que procura desenvolver para o JNcQUOI segue um conceito de “Comfort food” proporcionando a experiência da gastronomia “caseira” portuguesa com uma nova imagem e servida num ambiente bonito e vibrante.