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A pandemia impactou vários setores, incluindo os media que
estão neste momento a lutar contra a falta de investimento por parte das marcas
em publicidade. Vários foram já os órgãos de comunicação social que pediram
apoio por parte dos governos, outros apelam mesmo aos leitores que optem por
ajudar o trabalho jornalístico – sobretudo numa fase em que a informação se
tornou ainda mais relevante para todos nós.
A revista Máxima, do grupo Cofina, terá a sua última edição em junho - publicação que desde 1988 se dedicada à área da moda e lifestyle. Em comunicado, o grupo refere mesmo que a revista sofreu uma quebra de vendas de mais de 20% em relação ao ano passado e que "a evolução do consumo e comportamento do consumidor" a par com a "crise que os media atravessam" levou à decisão de encerramento.
O New York Times, por exemplo, estima um défice de 55% na
receita com anúncios, o que é bastante indicativo do que está a acontecer no
mercado dos media em geral.
Já o The Washington
Post parece estar à procura de novas estratégias para conseguir receitas,
criando mesmo um novo manual comercial. Ao The Drum, Joy Robins, diretora
financeira do jornal norte-americano, explicou que a “primeira prioridade não
pode ser vender publicidade” e afirma mesmo que está a trabalhar com os seus
parceiros numa ótica de ajudar a alavancar a produção de conteúdos e a
confiança de marca.
O jornal tem assistido a uma quebra de receitas com publicidade
gráfica, obrigando, numa primeira fase, aos editores de todo o mundo a distribuir
e até despedir funcionários. Ao mesmo tempo, vários eventos foram adiados ou
cancelados e muitos inclusive transportados para o digital. O consumo também
foi “estrangulado” pela hesitação do mercado – tudo fatores que influenciam
diretamente as receitas do jornal.
“O Post certamente não é imune ao que se passa no mercado
mas acredito que a agilidade é a chave para enfrentar esta crise. Precisamos de
estabelecer a nossa equipa como um recurso confiável para os nossos clientes, a
fim de ajudar a guiá-los, com pesquisas e insights – o que consideramos ser a
maneira mais eficaz de falar com os consumidores agora”, explica Robins.
Neste momento, o jornal está a conversar com marcas que
estão a assumir o papel principal na sociedade pela primeira vez porque o seu
produto ou serviço oferece algo realmente útil e diferenciador nesta nova ordem
mundial.
“As marcas estão a recorrer ao Post para entender melhor
o sentimento do consumidor e o que esses consumidores estão a ler à medida que
as semanas passam, à medida que o ambiente de notícias muda rapidamente.
Podemos usar as nossas ideias e tecnologia para ajudá-los a navegar na maneira
como se comunica com os leitores”, explica Robins.
Neste momento é importante “contar histórias orientadas a
propósitos”, salienta Robins, explicando que isso era algo que o Post e outros
grandes títulos de notícias estavam a tentar oferecer – uma extensão natural
dos seus produtos de notícias.
“Tudo mudou significativamente. A combinação de escala e
confiança cria as condições ideias para que os órgãos de comunicação social sejam
o melhor lugar para as marcas. Mas também é necessário que os media ajudem
as marcas a mostrarem-se, e é exatamente nisso que estamos focados, em orientar
os nossos parceiros”, acrescenta a responsável.
Na verdade, muitas marcas estavam a fazer boas ações, através
da filantropia, cumprindo a sua construção de marca de longo prazo mas ao
comunicar orgulhosamente essas ações tornaram-se criticadas por quererem publicidade.
Existia um desequilíbrio que Robins achou que o The Washington Post poderia
resolver. Criou por isso duas plataformas digitais apresentando notícias sobre
como as empresas estão a trocar o lucro por um propósito e lançando esforços
para ajudar. Em vez de anúncios, estes passam a ser "um recurso fácil
de navegação de marcas de renome mundial que trabalham na linha de frente desta
crise". Um é para marcas nacionais e o outro para marcas locais.
"O tom importante para atingir esses diretórios era
humildade e utilidade", diz Robins. “O recurso não pretende ser
auto-parabenizante pelas marcas em destaque, mas sim um local único para nossos
leitores entenderem melhor como as marcas que eles sustentam há anos agora se
responsabilizam por ajudar os seus clientes, funcionários e comunidades. Já
sabíamos pela pesquisa de assinantes que esse tipo de conteúdo era exatamente o
que os consumidores mais queriam, por isso parecia uma conexão natural a se
fazer”
De região em região, setor por setor, são listados os atos e
boas práticas das empresas. Há ainda a possibilidade de criar mensagens mais
impactantes e direcionadas para o público através do storytelling.
Novas estratégias de sobrevivência a um mercado que parece
ter desacelerado na forma como fazia publicidade nos órgãos de comunicação
social. É tempo de repensar a mensagem que se quer passar ao consumidor e
sobretudo confiar no trabalho jornalístico para fazer chegar os propósitos de
marcas e empresas, de forma isenta, clara e séria.
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