Considerações à parte sobre a música “Telemóveis”, temos que aplaudir a estratégia de Conan Osiris para o Festival da Canção. Não sei até que ponto a sua abordagem foi intencional, mas parece-me que seguiu as principais regras de marketing para abordar o “mercado”.

Numa primeira análise Conan Osiris conseguiu perceber que nas duas últimas edições do Festival da Canção os vencedores foram “cartas fora do baralho”. Tanto Salvador Sobral como Netta Barzilai não tinham os ingredientes comuns para ganhar este concurso, que basicamente tinha vindo a premiar “lugares comuns” na música.

Nos últimos anos nenhum artista que prezasse a sua veia artística e quisesse manter a sua dignidade submetia a sua arte para este fórum, sendo até considerado por muitos, vergonhoso participar. Pelo menos era assim que eu percepcionava e talvez por isso nunca via grandes músicos a concorrerem.

Assim, Conan Osiris, um desconhecido para a maior parte dos portugueses, vestiu algo arrojado, fez-se acompanhar por um bailarino como uma dança contemporânea e colou uns artefactos na cara que lhe deram uma característica única e “voilá”, estava criada a polémica. Em cima disto, optou por um estilo musical híbrido entre o árabe e cigano, com notas dissonantes e uma letra que deu espaço para críticas.

Com esta estratégia, este rapaz conseguiu o que todo o profissional de marketing quer: awareness (o público ter consciência que a marca existe), referral (que alguém nos referencie a custo zero), conversion (converter o público em clientes).

Confesso que não gosto da música, tal como muitas pessoas não gostavam da música Heavy-Metal que eu tocava. Por isso sei em primeira mão o que é ser julgado dessa forma. Por isso, dou os meus parabéns ao marketeer que há em Conan Osiris.

Algo me diz que vamos ter um bom resultado na final de Israel.