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A opinião de Susana Albuquerque
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25 de Março de 2021
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Susana Albuquerque
Diretora Criativa Uzina Lisboa

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Há quem se refira a estes últimos 12 meses como o ano da marmota, como se fossemos todos o Bill Murray no Feitiço do Tempo, aquele filme em que ele acordava todos os dias no mesmo dia. Como se a vida em tempos de pandemia estivesse em suspenso, dizem. Tenho dificuldades em entender a sensação. Para mim, passaram 10 anos desde Março de 2020. 

 

Já todos devem ter ouvido falar da montanha russa emocional que é trabalhar em publicidade. Agora imaginem o último ano como uma space mountain em esteroides com 10 loopings pelo meio. E desta vez falo da agência onde trabalho. Nos primeiros meses de confinamento, perdemos 70% da nossa faturação. Não sei se só nos aconteceu a nós, mas muitos dos nossos clientes evaporaram-se com a pandemia, alguns durante meses, outros para sempre, e isso levou-nos ao famoso layoff, à bruta e sem pré-aviso.


Coincidência ou não, ao mesmo tempo fomos convidados para entrar em vários concursos. Demos o nosso melhor, sempre com a noção de que era preciso entrar negócio novo na agência, ou corríamos o risco de não ter agência. 

 

Entregámos 26 concursos durante 2020. Apresentei em Zoom, Teams, Meet e Knox um concurso a cada duas semanas, em média, o que é intenso para uma estrutura como a nossa. Sobretudo se estás em casa a falar para um computador o dia inteiro e a contar carneiros pandémicos durante a noite. Dos 26 concursos aos quais respondemos, ganhámos 16. Na verdade só perdemos 2, porque 5 foram anulados, 2 nunca nos responderam (sim, isso ainda existe) e num deles fomos derrotados pela plataforma. 

 

Podemos dizer que a nossa agência, no meio do cenário terrível da pandemia, viveu uma maré de sorte. Mas neste ano em que a vida aconteceu tão rápido, talvez a maior sorte que me tocou foi ganhar consciência que a mudança é inevitável. 

 

Esta nossa maré de sorte, o facto de termos superado um momento difícil no negócio, é um grande motivo de celebração, claro, mas passou faturas pesadas. Trabalhámos fora de horas, noites e fins-de-semana, houve um enorme esforço pessoal de muitos para a maré de sorte acontecer. Dos concursos que ganhámos, alguns deles são marcas que eu sonhava trabalhar um dia, como Aldi e Ikea. Mas o que significa ter cumprido essa meta tão desejada? E quanto dura essa sensação de vitória e de missão cumprida? 

 

No dia em que anunciámos a vitória da Ikea na agência, senti no ar do zoom uma enorme alegria. Até uma espécie de alívio, como se finalmente pudéssemos descansar. Mas no nosso mundo, e talvez em quase todos os mundos, cumprir um objectivo significa apenas substituí-lo por outro. Ganhar um bom cliente é tanto uma meta alcançada como é um novo ponto de partida. Nunca nada é um dado adquirido, nada dura para sempre, nem as derrotas nem as vitórias.  

 

Para mim, este tem sido um ano de mudança, para o bem e para o mal, na profissão e na vida. Mas este texto é sobre a profissão que tantas vezes se mistura com a vida. Na semana em que entrego estas linhas mudarei de função na agência. Passarei a ser algo para o qual tive dificuldade em encontrar um nome. Serei diretora geral, diretora criativa executiva e sócia da Uzina. Isso significa que vou estar mais próxima da estratégia e dos clientes, que é das coisas que mais gosto de fazer, sempre sem abandonar a criatividade, que é o que me faz correr. E significa ter a oportunidade de contratar talento para ajudar, gente com quem sempre quis trabalhar. 

 

Este ano fiz 50 anos de idade e 28 de carreira. Se aprendi alguma coisa, e mais no último ano, é que tudo é feito de mudança, até quando nos obrigam a ficar quietos. 2021 começa com esta mudança profissional. Mais uma vez sinto que ela não é uma linha de chegada, é mais um ponto de partida. Talvez tenha que aceitar que esta é uma frase que me define: está sempre tudo por fazer.

 

O meu desejo maior para a nova função não é uma sucessão de vitórias pelas vitórias, mas que venham sobretudo as vitórias que nos fazem sentido. Não buscamos o crescimento pelo crescimento. Porque é que tudo tem de crescer? Não espero que sejamos os maiores, os melhores ou algo equivalente. Espero que nós, como equipa, consigamos crescer no sentido que importa, que é o crescimento pessoal de cada um, a realização do nosso potencial individual, e o da equipa como um todo. Espero contribuir  para um negócio sustentável fazendo trabalho que tem valor, tanto para as marcas que o escolhem como para as pessoas que o vêem. E espero que continue essa sensação boa de que está sempre tudo por fazer, sim, mas com lucidez para aceitar a mudança, no que nos acontece de bom e de mau. Afinal, é tudo isso que define a vida.

 

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