Se planeia passar as suas férias no Algarve da forma mais sustentável possível, estes projetos vão ajudá-lo. Navegámos nas águas da Ria Formosa e percorremos os trilhos da serra algarvia através de meios de transporte mais amigos do ambiente.

Confesso que, ao contrário de muitos portugueses, nunca tive por hábito rumar ao Algarve durante as férias de verão. A região sempre me despertou curiosidade, mas a vida acabou por me levar para outros destinos. Fui algumas vezes a Albufeira e a Monte Gordo durante a minha adolescência e nesses tempos a sustentabilidade ainda era um tema pouco falado. Hoje a realidade é, felizmente, diferente e são cada vez mais os turistas que procuram ter uma experiência que tenha a menor pegada ecológica possível.

Foi para responder a esta tendência que a Solar Moves surgiu. Os fundadores desta marca algarvia decidiram em 2018 navegar pela maré da mobilidade ecológica, criando passeios turísticos com barcos movidos 100% a energia solar. Hélio Soares, assistente operacional da empresa, recebeu-nos num dos cais de Tavira, de onde partimos em direção às ilhas da Ria Formosa, o mais importante santuário de vida selvagem do Algarve. “Os nossos barcos não afetam em nada o ambiente. Não há poluição sonora, não há poluição a nível de combustíveis, óleos, nada. Aqui é tudo eco-friendly. Os barcos têm seis painéis que captam toda a energia solar e essa energia é guardada em grupos de baterias que ficam no porão do barco. Essas baterias é que fazem a gestão e o envio da energia para dois motores que controlam todo o barco”, explica o responsável, acrescentando que um passeio gasta num dia apenas 15% da bateria. Nestas viagens o turista tem a possibilidade de visitar diferentes vilas piscatórias, como Cabanas, Santa Luzia ou Cacela Velha, viver experiências gastronómicas, com pratos e produtos regionais, e fazer birdwatching. São passeios que “tornam mais fácil a aproximação e visualização de aves, precisamente por não haver qualquer som. É muito fácil aproximarmo-nos de qualquer espécie e fazer a observação bem de perto”, refere Hélio Soares.

Quando pensamos na sustentabilidade de um destino turístico, a mobilidade é uma dimensão fundamental. A adoção de meios de transporte terrestres e marítimos com baixas ou mesmo zero emissões de carbono, a conectividade entre os territórios, bem como a mobilidade suave e ciclável são alguns dos grandes desafios aos quais o setor tem vindo a responder. São várias as empresas de animação turística que estão a apostar neste tipo de mobilidade no desenvolvimento das experiências que proporcionam aos turistas.

Em Silves, fomos ao encontro de Gloria Dall’Orto, uma italiana que há cerca de 10 anos se apaixonou pelas tradições, cultura e gastronomia da região. Aquilo que começou, juntamente com o marido, pela procura de uma casa de férias tornou-se num projeto mais sério, com a criação de um alojamento local, onde fazia sugestões de produtos e locais que os turistas deveriam visitar. O casal quis ir mais longe e criar a Algarve Food Experience, um projeto que alia a mobilidade sustentável à gastronomia local. “Esta experiência é desenhada com a ideia de ver e descobrir as paisagens lindíssimas do interior algarvia.

A bicicleta é um meio fantástico para conhecer as paisagens. Sendo o nosso foco o interior do Algarve - Sines, Messines e serras –, trata-se de uma zona que não se pode percorrer com uma bicicleta normal. Pelo menos, não seria possível para muitas pessoas. Então, a bicicleta elétrica tornou-se um meio ideal para poderem desfrutar da região”, conta-nos Gloria, num dia em que, além da equipa do Imagens de Marca, recebe no Gato Preto de Silves (alojamento local) um grupo de americanos com uma reserva para um passeio de bicicleta pela serra. Estes percursos são desenhados para os turistas descobrirem o lado mais genuíno do Algarve e incluem paragens em pequenos produtores locais, que dão a conhecer sabores e tradições únicas que importam preservar.

“O tour é estruturado de forma a que se possa parar em sítios onde é possível, por exemplo, comer um pão com chouriço, feito na hora por pessoas que trabalham a sério para toda a comunidade. Vamos depois descobrindo produtos locais e sazonais. As nossas experiências são desenhadas consoante os produtos da época. Fazemos experiências sempre ligadas ao território e com pessoas da terra que trabalham com paixão e dedicação”, realça a fundadora da empresa. O nosso percurso termina com um momento gastronómico especial. À mesa fazemos uma autêntica viagem pelos sabores e aromas do sul de Portugal, como o medronho ou a laranja do Algarve. E os sorrisos dos americanos dizem tudo: o que é nacional é bom.