"When Philip Met Isabella" foi a exposição que contava o encontro e a obra que nasceu entre Philip Treacy e Isabella Blow. Apaixonei-me. Sempre gostei de encontros. E numa era Phygital, este é um espaço de encontros. Diferentes. Com pessoas que gosto de ter pelo #LAB.

Conhecemo-nos há uns anos na sede da Caudalie em Paris, a marca que fundou em 1995 com o marido Bertrand Thomas. Recordo a sua elegância, a convicção com que falava da marca, do compromisso que assumiu a que deu o nome de “Cosm’ética” e da indústria onde se move. Ao longo da nossa conversa, fazia umas breves pausas para vaporizar algumas gotas do Eau de Beauté enquanto me dizia que “fazia milagres”. Desta vez a conversa é sem câmaras, mas antes via e-mail. Apanho-a entre viagens…

Sigo-a no Instagram e vejo-a em França, Nova Iorque, Xangai, Seul … No fundo vai onde o negócio a leva? É uma forma de conhecer pessoalmente os diferentes mercados, os diferentes consumidores? A expansão da marca depende muito desse conhecimento pessoal de cada país que visita?

As minhas viagens são uma enorme fonte de inspiração. Vou ao encontro dos meus consumidores nas minhas boutiques e spas. Alimento-me das culturas locais, das tradições do país, da medicina local, procuro estudar os spas de cada lugar, os rituais de beleza e as formas de relaxamento que praticam.

Tem alguma história em particular que gostasse de partilhar sobre uma experiência num país em particular? Foi surpreendida em algum mercado?

É preciso ver para acreditar, mas os hábitos dos coreanos marcaram-me particularmente. As coreanas lavam os rostos várias vezes depois de remover a maquilhagem e depois sobrepõem muitas essências, séruns, ampolas antes de colocar um fator de proteção solar 50, mas o resultado é incrível: uma pele verdadeiramente de porcelana. Parecem 10 anos mais novas.

É autora de um livro sobre os segredos de beleza das francesas. Quer nos revelar qual é realmente o segredo da beleza intemporal e da elegância?

Somos cool. Não levamos a beleza muito a sério. Sabemos que a verdadeira beleza vem do estilo, da autoconfiança, do equilíbrio e da serenidade interior. Praticamos desporto e procuramos manter a linha. E claro que sabemos os princípios básicos: removemos a maquilhagem de manhã e à noite. Hidratamos a pele com um antioxidante e protegemo-nos do sol. Compramos os nossos produtos em farmácias, são muito eficazes e acessíveis. E na maquilhagem um bonito batom vermelho nos lábios et voilá!

Um dos aspetos menos conhecidos da Caudalie é o compromisso com projetos de responsabilidade social e ambiental.

Acredito que as pessoas estão cada vez mais conscientes dos problemas ambientais. Na beleza, as mulheres querem fórmulas o mais natural possíveis para a sua pele e uma indústria que não prejudique o planeta. Eu e o meu marido tentamos conciliar esses dois aspetos. Eu faço fórmulas o mais natural possível, mas glamorosas e eficazes ao mesmo tempo, é um desafio diário com minha equipa de investigação. Na Caudalie, fomos os primeiros a remover parabenos e, com o tempo, todos os laboratórios também os removeram, o que significa que as mentalidades estão a mudar. Depois removemos todos os óleos minerais, petrolatum, parafina, ftalatos, lauril sulfato de sódio, fenoxietanol e, obviamente, os ingredientes de origem animal. Uso o máximo de ingredientes naturais nas minhas fórmulas, mas acima de tudo quero fórmulas eficazes, e por isso não hesito em usar ingredientes biotecnológicos como ácido hialurónico, péptidos ou pigmentos de foco suave que preenchem as rugas e dão brilho à pele.

Nós sempre tivemos essa consciência ecológica. Acreditamos que um cosmético pode ser eficaz e glamoroso e ainda assim ser muito natural e ético. A nossa marca é baseada nesses valores desde a fundação. E cada mulher que compre um produto nosso está a contribuir para a proteção do planeta. É por isso que Caudalie é membro do “1% For the Planet” que junta marcas e empresas que dão pelo menos 1% do seu volume de negócios a associações com a missão de proteger o nosso planeta. Desde 2012, plantámos mais de 4 milhões de árvores, em todo o mundo, em regiões em perigo, na Tailândia, no Brasil, na Indonésia. Estamos muito orgulhosos de devolver à terra um pouco daquilo que ela nos dá todos os dias.

Como antecipa o futuro da beleza? As tecnologias vão transformar a indústria ou torná-la diferente do que é hoje?

Penso que os produtos vão-se tornar mais eficazes, cada vez mais naturais, cada vez mais conectados e personalizados.

E como vê o futuro da comunicação das marcas no mundo da beleza. Sabemos que há pressão para que parem, por exemplo, de falar em cremes “anti-ageing” ou “anti-idade”.

De todo o caso, a partir de uma certa idade, as mulheres já não acreditam em produtos antienvelhecimento. Na minha opinião, a comunicação das marcas de cosméticos vai-se tornar cada vez mais transparente sobre as fórmulas de cada produto.