Cinema: “Ainda há Óscares para ganhar” em Portugal

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Cinema: “Ainda há Óscares para ganhar” em Portugal
19 de Maio de 2023
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Conhecido como um jardim plantado à beira-mar, Portugal parece estar a desabrochar na indústria audiovisual e a mostrar os primeiros rebentos ao mundo.

 

Estamos habituados a que a magia do cinema aconteça, habitualmente, do outro lado do Atlântico. Mas, nos últimos anos, temos assistido a várias produções que atravessaram o Oceano e que escolheram Portugal como cenário de fundo.

 

Heart of Stone estreia este ano na plataforma de streaming Netflix. A produção fechou os bairros lisboetas da Mouraria, Chiado e da Estrela, e encheu-os de ação.

 

Também o universo de A Guerra das Estrelas aterrou em território nacional para rodar a série “The Acolyte” nas paisagens verdejantes da Ilha da Madeira.

 

Acabado de estrear nos cinemas, o mais recente filme da saga Velocidade Furiosa também foi parcialmente rodado em Portugal. E sem esquecer também a famosa prequela de A Guerra dos Tronos, House of the Dragon, que escolheu a aldeia de Monsanto como um dos cenários para a nova temporada.

 


Mas por que motivo há, afinal, street racers do cinema nas estradas portuguesas, dragões numa aldeia no centro do país ou lutas coreografadas nas ruas da capital?

 

Em entrevista ao Imagens de Marca, Sofia Noronha, fundadora e produtora da Sagesse Productions, empresa responsável pela produção da prequela de A Guerra dos Tronos e Velocidade Furiosa em território nacional, aponta três fatores: “O facto de sermos um país pequeno permite-nos ter uma variedade de locations muito grande e uma acessibilidade muito fácil, temos a praia perto das montanhas e isso ajuda muito na movimentação das equipas, […] e o talento da equipa nacional é o nosso grande benefício, somos bastante versáteis e aprendemos rápido”.

 

A produtora partilhou com o Imagens de Marca um dos principais desafios que as equipas tiveram de resolver no terreno durante as gravações de Velocidade Furiosa. “Foi ali em Cacilhas. Era uma zona que estava decrépita, estava com buracos em todo o lado, e a produção investiu muito dinheiro naquela zona porque íamos filmar lá. Depois deixou tudo arranjado para os locais, uma coisa que, se calhar, a Câmara Municipal nunca o faria”, explica Sofia.

 

Mas esta aposta em Portugal não surge apenas da riqueza de paisagens do nosso país e da qualidade das equipas. Em 2019 nasceu a Portugal Film Comission (PFC) para dar resposta à necessidade de promoção da indústria criativa e cinematográfica em Portugal. “Foi nessa altura que os incentivos fiscais começaram e essa foi uma das grandes razões para conseguirmos atrair este tipo de produções”, conta a responsável da Sagesse Productions.

 

Ana Marques, diretora executiva da Portugal Film Comission, explica-nos que o principal objetivo da PFC é transformar o país num destino de excelência para a produção e realização de filmagens internacionais prestando o apoio necessário ao setor do cinema e audiovisual na disponibilização de informação, contactos e dinamização de parcerias.

 

“Tudo isto, claro, com a regulamentação legal inerente ao incentivo para a captação de filmagens, o cash rebate”, benefício fiscal em que parte do valor investido em produções é devolvido.

 

Para Augusto Fraga, um dos realizadores de maior prestígio em Portugal, a meteorologia, a boa relação entre a qualidade das equipas e o custo de gravação são, aliados ao incentivo fiscal, os principais fatores atrativos para as grandes produções. Ainda que o realizador não considere o cash rebate “perfeito”, reconhece que tem habilitado a que várias produções optem por Portugal para gravar.

 

Em entrevista, o cineasta que está prestes a lançar a série “Rabo de Peixe” na Netflix, explica ao Imagens de Marca que este benefício fiscal “só é interessante até um certo tamanho de produção internacional”, devido ao teto máximo de custo de produção.

 

Portugal “tem um cap, por exemplo, de quatro milhões de euros aplicado a uma série inteira. Significa que não poderíamos receber em Portugal tudo o que sejam produções maiores de 16 milhões de euros. 16 milhões é o limite pelo qual podem ter acesso aos 30% de cash rebate”, explica o realizador adiantando ainda que, “nas Canárias e em Espanha, esse mesmo cap é de 10 milhões de euros por episódio. Portanto, há uma diferença enorme, o que significa que só produções médias ou pequenas dos grandes estúdios internacionais podem realmente investir grandes valores na nossa economia”.

 

Inglaterra não tem um limite máximo de custo de produção. França, Itália, Colômbia e Estados Unidos têm incentivos realmente apelativos, mas Espanha é o principal concorrente de Portugal. “Temos que olhar para os nossos vizinhos e ver como é que eles o fizeram para fazermos igual ou melhor”, conta Sofia Noronha. “Há uns 15 ou 20 anos, Espanha não tinha a quantidade de produções que tem hoje. Inicialmente tinham, talvez, uma percentagem de 60% ou 70% de equipa internacional e, à medida que os anos foram passando, a equipa já é 90% espanhola”.

 

No caso português, a produtora de House of the Dragon e de Velocidade Furiosa refere que as equipas no terreno são “uma mistura de produção inglesa e de produção espanhola. Trabalhamos muito em parceria com os espanhóis também para aprender o que eles fizeram. Acho que sermos humildes não nos atrasa nada”.

 

Augusto Fraga considera os portugueses “academicamente preparados” e com um nível de inglês “no geral, até melhor do que o dos espanhóis”. Mas “quando falamos de produções da Liga dos Campeões temos poucas alternativas em alguns departamentos, […] tem que haver mais produções internacionais para que haja formação de técnicos”.

 

A produção nacional é uma indústria que ainda está a crescer, não tem tantos anos como a produção internacional, mas nós temos muito potencial”, refere Sofia Noronha.


Quando as grandes produções chegam ao mercado nacional, “falando de House of the Dragon, por exemplo, depois de estarem a gravar em Inglaterra e em Espanha, esperam que tenhamos o mesmo nível de produção, o que se torna difícil porque isso entra na parte da contabilidade e os orçamentos das produções nacionais ainda são muito verdes”.

 

Ainda que com várias condicionantes, a verdade é que estamos a assistir a uma mudança na indústria audiovisual em Portugal. “Somos bons e ainda baratos” segundo afirma Augusto Fraga, mas “ainda não estamos a 100%”, acrescenta Sofia Noronha.

 

Ser palco de grandes produções internacionais, que estão agora a estrear, tem um retorno enorme para o nosso país: “Quando vês uma produção como esta que foi feita há pouco tempo em Portugal, o Heart of Stone que é uma produção bastante grande para os nossos padrões, em que reconheces Lisboa em planos aéreos da cidade e perseguições no Chiado, etc., isso terá um efeito direto no turismo [...] e mesmo quando se faz um filme em Portugal, que não representa Portugal, tem um efeito enorme na economia”, explica Augusto Fraga.

 

Para o realizador, estamos perante um momento em que conseguimos alargar horizontes e começar a perspetivar o audiovisual de uma forma um pouco mais ambiciosa. Como nos disse: “estamos a deixar de pensar em audiovisual em Portugal e passamos a pensar no audiovisual internacional com base em Portugal”.


Somos um país expressivo em várias frentes: gastronomia, futebol e até turismo. Chegou a vez do cinema e de ambicionarmos ser a referência audiovisual na Europa, já com o olho no resto do mundo. “Estamos a deixar uma pegada forte no mundo”, salienta Augusto Fraga. E para Sofia Noronha, “ainda há muitos Óscares para ganhar”.

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