Uma bola simples ou com creme? E que todos os processos de decisão fossem assim…simples e intuitivos.

Einstein escreveu “uma mente intuitiva é um dom sagrado e a mente racional é um servo fiel. Criámos uma sociedade que valoriza o servo e que se esquece do dom”. E numa sociedade cada vez mais tecnológica como a que vivemos, as decisões tendem a ser cada vez mais racionais, baseadas em algoritmos, derivadas de padrões e com uma análise minuciosa dos riscos.

No processo de decisão racional, o decisor procura uma escolha consistente, que maximiza os ganhos e que segue um procedimento: definir o problema, aceder a um histórico de decisões similares para identificar padrões, identificar o critério de decisão, atribuir uma ponderação aos critérios, desenvolver alternativas, avaliá-las e escolher a alternativa ótima.

Já a decisão intuitiva carateriza-se segundo Sinclair e Ashkanasy como uma forma de processar informação não sequencial que inclui elementos cognitivos e afetivos e que resulta em conhecimento direto sem uso da razão consciente. A intuição é muitas vezes colocada em segundo plano, pois a decisão racional traz mais conforto para o decisor.

Será a intuição um processo irracional? Vários estudos demonstraram que a intuição não é arbitrária ou irracional pois está baseada em anos de experiência que se acumulam no sub-consciente. Ou seja, se por um lado as decisões envolvem estratégia, por outro sabemos que envolvem também experiência e sentimentos, que não podem ser desvalorizados.

Victoria Wynn é uma empreendedora e autora de um livro intitulado “The Lies I tell Myself” e que derivou de uma decisão que tomou. A decisão foi não ignorar a sua intuição sempre que estiver perante uma decisão. Tal não significa utilizar sempre a intuição, mas tentar não ignorá-la, pelo menos numa primeira fase. Em dois anos o seu foco pessoal e de negócio mudou, segundo a própria para melhor. Para Victoria, no processo de decisão racional, por vezes a segurança anda de mãos dadas com a mentira, pois para a fundamentação de uma decisão muitas vezes estão a ser utilizados os dados “mais convenientes” e a escamotear a verdade. A questão tem a ver com o facto de que se nos apoiarmos somente em tomar uma decisão racional, estaremos mais protegidos e esta proteção pode transformar-se em medo e resistência. Quando tal acontece estamos a bloquear a capacidade de inovar. Aqui, a intuição desempenha um papel importante pois trata-se de um processo de estar aberto à informação ou a aceder a muita informação e processá-la muito rapidamente.

De acordo com o Business Intelligence, a intuição pode e deve ser utilizada nos negócios dependendo do tipo de decisões a tomar, sendo que as decisões podem ser com base em processos estruturados ou não estruturados. No caso de processos estruturados, a decisão pode ser mais do tipo racional pois pressupõe identificar problemas recorrentes e aplicar uma solução standard com base numa regra. Por seu turno, os processos não-estruturados requerem processos complexos, não há soluções fixas e é necessário desenvolver soluções customizadas. Tal requer intuição.

Vou agora voltar ao tema da bola de Berlim. Por norma peço simples mas hoje, algo me diz para pedir com creme! Boas férias para quem for caso disso. :)