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Os estádios, tal como os calendários desportivos, estão a ser forçados a adaptar-se.
Com o arranque da nova época de futebol em Portugal e um verão com temperaturas cada vez mais altas, impõe-se a discussão sobre como o calor extremo está a afetar os desportos ao ar livre. Já não se trata apenas de desconforto, mas sim de riscos reais para a saúde de atletas e adeptos.
Segundo a Fast Company, que reuniu exemplos de vários pontos do mundo, arquitetos e engenheiros estão a redesenhar estádios com o objetivo de lidar com o aumento das temperaturas.
Em Cairo, no Egipto, o novo estádio do Al-Ahly Football Club está parcialmente soterrado — uma forma de aproveitar o arrefecimento natural do subsolo. A fachada é perfurada, permitindo a circulação do ar.
Em Austin, no Texas, EUA, outro estádio foi desenhado para garantir sombra ao maior número possível de lugares. Em vez de cadeiras de plástico, optou-se por assentos em malha, que deixam o ar circular. Nada de grandes inovações tecnológicas, apenas escolhas pensadas para o contexto.
Por outro lado, no Catar, onde o calor é extremo mesmo no inverno, o estádio do Mundial de Futebol 2022 foi mais longe: tem uma cobertura branca para refletir o sol e um sistema de arrefecimento solar que cria uma “bolha” de ar fresco sobre o campo e nas bancadas. É um dos exemplos mais tecnológicos da nova geração de estádios.
Em Las Vegas, também nos EUA, o Allegiant Stadium usa materiais como o ETFE (um polímero translúcido) para isolar o calor. As cores também contam: o preto e prata do exterior usam pigmentos que refletem radiação infravermelha. Tudo para manter o interior suportável durante os jogos.
Curiosamente, há também quem recupere soluções do passado. Em Jeddah, na Arábia Saudita, o estádio Rei Abdullah integra elementos tradicionais da arquitetura islâmica, como os muxarabis - elementos arquitetónicos tradicionais, originários da cultura árabe -, que criam sombra e promovem ventilação passiva. A estrutura do telhado, inspirada em tendas beduínas, permite que o ar circule naturalmente, sem necessidade de ar condicionado.
Estas abordagens — tecnológicas ou tradicionais — mostram que os estádios do futuro têm de ser pensados para um clima que já não é o mesmo de há 20 anos. E este verão tem sido mais uma prova disso. Em muitas cidades, como no Cairo, os jogos já acontecem à noite. E em 2022, o Mundial de Futebol teve de ser transferida do verão para o inverno.
Mesmo assim, nem sempre chega. Segundo a revista médica The Lancet, em 2023 houve, em média, 50 dias a mais de temperaturas perigosas para a saúde, devido às alterações climáticas.
Arquitetura que pensa o presente e desenha o futuro
É neste contexto que também se começa a falar mais da arquitetura como resposta aos desafios sociais e ambientais. Em julho, estreou no Brands Channel — canal no Youtube especializado em Branding e Negócios — a série “Arquitetando o Futuro”, que tem o propósito de valorizar o papel da arquitetura na cultura e história das cidades e de quem as habita.
A série dá voz a arquitetos que pensam as construções não apenas como espaços de circulação e trabalho, mas como ambientes para viver com qualidade — num tempo em que a população envelhece, o clima muda e os recursos são limitados. Cada episódio pretende explorar projetos, ideias e trajetos profissionais que se cruzam com estas grandes questões.
O próximo episódio será lançado no final de setembro e terá como foco uma obra recente: um pavilhão desportivo. Um espaço onde o desporto e a arquitetura se encontram para responder, ao mesmo tempo, à necessidade de conforto.
A mensagem é clara: estádios, pavilhões e infraestruturas desportivas não são apenas palco de competição e de visibilidade para as marcas — são laboratórios de adaptação. E os desafios que enfrentam hoje são os mesmos das nossas casas, escolas, hospitais e espaços públicos. A arquitetura, cada vez mais, está no centro da conversa sobre como vamos viver num planeta e numa sociedade em constante mudança.
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