Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho

Pesquisa

A opinião de Uriel Oliveira
Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho
22 de Março de 2021
Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho
Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit.
Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho
Uriel Oliveira
Diretor de Produto da Cision
Em destaque
Pub Lateral dentro artigoPub Lateral dentro artigo
Continuar a ler depois do destaque
Em destaque
Pub dentro artigoPub dentro artigo

Nota da direção editorial:

O jornalismo nunca foi tão importante para a economia do país. Apoie a produção dos nossos conteúdos tornando-se membro ou subscritor da nossa comunidade.

Faça parte de uma causa de empoderamento das marcas, das empresas e das pessoas que nelas trabalham.


Na passada segunda-feira cumpriu-se exatamente um ano desde que estou a trabalhar em casa.


Adoro o teletrabalho, quando consigo desligar o interruptor, parar 30 minutos para uma corrida, mais dez minutos para um café ao postigo e mais cinco para me espreguiçar. 


Odeio o teletrabalho quando me esqueço do interruptor ligado e me consome 24 horas, com o pensamento teimoso, que insiste em não desconectar.


Na verdade, é-me difícil controlar este interruptor mental de forma pacífica - parafraseando o grande poeta de canções Jorge Palma, “tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar”.


Gosto de estar em vários sítios ao mesmo tempo, viajar de Coimbra para Lisboa, Londres, Paris, Chicago, Índia ou China em segundos, mas detesto estar parado. Tenho saudades de fazer piscinas na A1, ao final do dia organizar as ideias, pôr a conversa em dia, cantar ou desafiar o pensamento.


Adoro ter as miúdas em casa, a cadela a aquecer-me os pés por baixo da secretária, enviar os primeiros e-mails de pijama… Detesto estar sempre a ser interrompido pelas miúdas, pela cadela, pela campainha, acordar de madrugada a pensar que deixei um e-mail por enviar ontem, descer as escadas durante a noite e ir tratar do assunto.


Possivelmente, o teletrabalho é uma prática excecional que nos poderá dar tudo o que sempre ambicionámos do trabalho. Eu, possivelmente, não estava preparado para ela e, por isso, ando curiosamente “aos papéis”, a tentar sobreviver a esta dicotomia ininterrupta, que não se desliga em mim, em relação a esta nova condição de trabalho.


A equipa funciona bem em teletrabalho. Claro que sentimos a falta do primeiro café da manhã, de palmadinhas nas costas, de sorrisos extemporâneos, de calor ao fim do dia, de frio na madeira da sala usada na primeira reunião do dia; mas, na prática, existe um fio condutor, uma força omnipresente: a equipa existe, coopera, prospera, colabora. A tecnologia liga as geografias das nossas casas, a imaginação coloca-nos na geografia do escritório e, com mais ou menos telas de fundo, estamos ali, sempre, juntos para o que der e vier.


Nunca por um minuto sequer me senti distante de nada nem de ninguém. Senti, contudo, falta de sorrisos ao vivo, de tocar em pessoas, de tentar perceber o que me diz o brilho de cada olhar.


Porque vivemos uma pandemia que nos confina ao espaço da nossa casa, o trabalho está mais presente na nossa rotina diária, não tem uma hora, não tem um espaço, não tem um padrão; o que, se por um lado, nos permite flexibilizar melhor a vida profissional com a vida pessoal, por outro lado invade inconscientemente a nossa privacidade e força o nosso cérebro a estar alerta para qualquer eventualidade.


Porque o teletrabalho apresenta ganhos de produtividade e poupança de custos significativos, várias empresas já anunciaram que o irão adotar como prática corrente e exclusiva, o que os está a levar a fechar escritórios em todo o mundo para poupar milhões de euros nessas despesas.


Contudo, sendo o principal ativo de qualquer empresa as suas pessoas, não estou certo de que seja uma decisão acertada – Claro que gostamos de trabalhar em casa e claro que não gostamos de trabalhar em casa! Claro que não gostamos de estar no escritório e claro que gostamos de estar no escritório!

Afinal somos pessoas, gostamos de várias coisas e por vezes de coisas completamente opostas e por isso decisões que afetam a vida das pessoas não devem ser tomadas sem ir ao fundo da questão, sem ter um profundo conhecimento sociológico de todo o contexto e de todos os intervenientes.


O teletrabalho pode ser bom mas também pode ser mau. Naturalmente e como quase tudo, a solução estará possivelmente no equilíbrio e será num quadro de alternância funcional entre casa e escritório que encontraremos o nosso espaço de trabalho ideal.


Uma solução mista que concilie teletrabalho com trabalho no escritório, em função da disponibilidade das pessoas e das exigências do próprio trabalho, deverá ser a solução ideal para o futuro pós-pandemia. Se, por um lado, poderá sanar as dicotomias existentes na adaptação das pessoas, garantindo que não se perde nem produtividade nem cultura empresarial; por outro lado, poderá projetar um novo conceito de escritório, adaptado a uma utilização menos exaustiva e por isso também menos dispendioso para as organizações.


Se nos desígnios da pandemia estiverem os fundamentos para que a vida de pessoas e organizações possa ser melhor, então usemos a pandemia como um processo de aprendizagem disruptivo, para testar a capacidade humana de conseguir um mundo melhor, mais justo e mais equilibrado.


Viva o teletrabalho; abaixo o teletrabalho.

 

Pub
Horizontal Final do artigoHorizontal Final do artigo

Artigos Relacionados

fechar

Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho

O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.

A enviar...

Consulte o seu email para confirmar a subscrição.

Li e aceito a política de privacidade.

Adoro o teletrabalho; odeio o teletrabalho

Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.

A enviar...

Consulte o seu email para confirmar a subscrição.

Li e aceito a política de privacidade.

imagensdemarca.pt desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile