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Existem diversos fatores importantes para o
desempenho de um bom criativo. Claro que entre eles os já conhecidos:
criatividade, talento e trabalho duro.
Ao lado desses, incluiria com quase a mesma
importância, a persistência. E atenção, não confunda com teimosia. A teimosia é
cega, irritante e prejudicial. A persistência aprende com os erros, busca novos
ângulos para encontrar uma brecha, e, acima de tudo, usa de uma boa dose de
esperança.
No decorrer de alguns anos de profissão,
sempre me considerei um criativo insistente. Mas nunca um criativo realmente esperançoso.
Explico: nossa profissão é composta do
constante convívio com o fracasso. Produzimos muito mais ideias descartadas e
destruídas do que aprovadas. Isso, ao menos em mim, criou uma “casca” de
pessimismo. A persistência e a luta, sempre estiveram lá. Mas normalmente
revestidas por uma camada de “isso não vai dar certo” que me prevenia de
grandes deceções. Se algo fosse em frente, maravilha. Se não, era já esperado.
Em 2019, cheguei a NY, com minha mala cheia
de sonhos, esperanças, e, claro, o bom e velho pessimismo. E aqui tive o prazer
de duplar com o Thiago Fernandes. O Thiago, além de um ser humano incrível, que
muito me ajudou no início doloroso de um imigrante – “Thiago, como preencho o
timesheet? Thiago, como faço o imposto de renda? Thiago, onde tiro o Seguro Social?
Thiago, como apresento as ideias?” – é um grande criativo e redator.
Mas além disso (o que não é pouco), ele é o
maior exemplo de persistência e esperança criativa que eu já pude conhecer.
Logo em 2019, participei com ele, o Fabio,
o Wid e o Arthur da criação de uma ideia muito legal. Um personagem que
revelaria todos os disfarces do açúcar – que aqui nos Estados Unidos conta com
diversos nomes diferentes para se esconder nos alimentos. Nós tínhamos um
cliente perfeito que apoiaria, mas, infelizmente, não tinha grandes verbas.
Primeiro o Thiago chegou com o livro roteirizado. Ele escreveu introdução,
nomes, ideias dos disfarces e versos para os 12 personagens iniciais. Só
faltava alguém layoutar, diagramar e ilustrar um livro infantil inteiro.
Depois criamos o filme. Porque não, um
clipe de dois minutos com um rap – “I’ve got 99 names and Lil Sugar is just
one” foi a primeira frase que surgiu em uníssono - e uma letra que ele fez questão de escrever e
gravar, mesmo com muita vergonha (e eu guardei o arquivo de áudio para
chantageá-lo no futuro). Só faltava alguém musicar e, depois, alguém criar a
animação em CGI. E claro, encontrarmos a voz de um rapper famoso para dar
aquele toque especial. Fácil.
Por último, mas não menos importante, a campanha precisaria de um
braço digital: um site, um Instagram, e claro, um app, onde as crianças
poderiam apontar seus telemóveis para qualquer produto e, neles, encontrar os
açúcares disfarçados. Tranquilo.
Eu, no alto do meu pessimismo eterno,
confesso que não acreditei em nada disso. Pensei: “bom, vou trabalhar nisso
porque é muito divertido. Mas não vai dar certo”.
Já o Thiago, uma máquina de perseverança e
otimismo, começou a correr atrás e, consequentemente, nos fazer seguir pelo
mesmo caminho. Conseguimos parceiros incríveis que acreditaram tanto no projeto
e na ideia quanto o Thiago, como a Canja e o Lucas que fizeram diversas versões
da trilha, a Zombie, que co-criou o design do personagem e um clipe lindo de 2
minutos que parece saído diretamente da Pixar. Para o app, os amigos da Bissys
de São Paulo fizeram uma parceria incrível com os developers da AREA 23 e
tiraram o projeto do papel para as App Stores. E para o livro, eu, o Wid e o
Fabio, com as ilustrações maravilhosas do Arthur, conseguimos dar vida.
E a cereja no bolo? E a voz de um rapper
Famoso? E se um artista famoso simplesmente fizesse parte do board do nosso cliente e se apaixonasse
pela ideia? Assim, o senhor Darryl DMC McDaniels, que foi um dos artistas de
hip hop mais famosos dos anos 80 e 90, trouxe sua voz incrível para o
personagem.
E quase 3 anos depois, pudemos participar
de uma grande gala, em que o cliente lançou a campanha. No evento, por Zoom,
além do DMC, estavam Chuck D, Doug Fresh e Lil Cool a apresentar Lil Sugar e sua
campanha. Aquilo parecia insólito. Especialmente para o meu pessimismo de
estimação.
A verdade é que nada disso teria acontecido
se não fosse a persistência do Thiago. Uma perseverança extremamente otimista,
que nos levava a acreditar naquela ideia, mesmo com todas as dificuldades (em
um momento chegamos a acreditar que o próprio Lil Sugar existia e estava a
querer derrubar o project, tamanhos eram os problemas) que apareciam no
caminho.
Ainda não sei quais serão os resultados da campanha: se será um sucesso ou um grande fracasso. Sei apenas que aprendi
muito com esse processo. Entendi a importância da persistência e do otimismo criativo,
aqui personificados pelo Thiago, e o quanto ambos podem contagiar e elevar um
projeto, mesmo quando tudo parece impossível.
E aprendi também que Xanthan Gum, nada mais
é do que o açúcar disfarçado de Sho’nuff do film “Os aventureiros do bairro proibido”.
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