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A greve dos motoristas de matérias perigosas, entre os dias 12 e 18 de agosto, registou, em apenas 7 dias, um total de 3 475 notícias em mais de 200 horas de emissão total, segundo a Cision.
Para termos uma noção da dimensão deste número, comparando, recuemos ao ano de 2017, ao trágico incêndio de Pedrogão Grande – entre o dia 17 de junho, dia do incêndio, e o dia 23 de junho, as televisões portuguesas dedicaram um total de 214 horas de emissão ao assunto - Morreram 66 pessoas nesta tragédia.
O alarido televisivo em torno da greve dos motoristas, as notícias e reportagens sem qualquer tipo de valor acrescentado ou informação, repetiram-se no prime time televisivo e mostraram aos portugueses um cenário muito diferente da realidade, que, por si, sempre foi “irritantemente” normal.
As esperas aos camiões à saída das centrais de abastecimento, os diretos, as posições inflamadas, as reportagens de rua, a informação e a desinformação, não batia certo, com a pacatez que se vivia nos postos de abastecimento, que apesar de limitados no fornecimento, cumpriam a sua função e não deixavam que os portugueses acreditassem no pânico anunciado na televisão.
Se por um lado, o planeamento em antecipação, permitiu ao governo delinear uma boa estratégia, firme, suportada no poder legislativo e fora do espalhafato dos media, por outro lado, deu espaço à comunicação social para se munir de esforços para cobrir um assunto, que manifestamente não era assim tão relevante, tornando-se consequentemente num instrumento da greve, um amplificador de razões, usado a favor dos que a faziam.
Esteve bem o Governo porque não deixou que os portugueses fossem penalizados por uma situação que lhes é totalmente alheia; esteve mal a televisão, porque não esteve à altura da sua principal missão na sociedade – informar.
A televisão portuguesa deve refletir sobre o seu papel na sociedade - cumprir a sua missão informativa, servir a população; ou, cair na tentação da notícia fácil, do sensionalismo, dos jogos de poder ou dos pseudo acontecimentos?
Se não há notícias, que seja dado espaço aos eventos, às empresas, às organizações, às pessoas, aos assuntos de silly season, que não chateiam nem fazem mal a ninguém.
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