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A crise das tarifas é o mais recente evento de impacto global que desafia as organizações, pelo seu efeito profundo na reputação, operações e decisões estratégicas das marcas.
Várias óticas — como tudo que envolve comportamento humano — podem ser utilizadas para analisar estes impactos. Este artigo destaca as que considero mais pertinentes, divididas entre os efeitos na imagem da marca e os impactos operacionais.
1. Impacto na Imagem de Marca
A crise das tarifas pode ter um impacto muito significativo na reputação. Por exemplo, a Tesla enfrentou um movimento de boicote chamado 'Tesla Takedown' após a associação de Elon Musk à administração Trump e às suas políticas tarifárias, o que levou a manifestações e quebras de vendas, principalmente na Europa.
A Coca-Cola, mesmo com um posicionamento global e apartidário, sofreu boicotes na Dinamarca em retaliação às políticas comerciais e de diplomacia dos EUA — um reflexo de como mesmo marcas icónicas não estão imunes às posições políticas dos estados e dos consumidores.
As marcas tornam-se assim veículos indiretos de protesto político, e qualquer associação a uma política impopular, ainda que indireta, como o caso da Coca-Cola pode afetar gravemente a sua imagem e resultados.
2. Gestão de Portefólio e Posicionamento Estratégico
O aumento de tarifas obriga as marcas a repensar os seus portefólios. Produtos menos rentáveis são descontinuados ou adaptados de modo a incorporarem novos fornecedores e matérias-primas locais. A Levi's, por exemplo, relocalizou parte da sua produção para evitar tarifas impostas entre EUA e China.
3. Reconfiguração da Cadeia de Abastecimento
A Apple é um caso paradigmático. As tensões comerciais entre os EUA e a China levaram a empresa a estudar a transferência de parte da sua produção para países como Índia e Vietname.
4. Vantagens para Marcas Locais
Quando produtos importados ficam mais caros, abre-se uma oportunidade para marcas locais. Nos EUA, empresas locais de aço e alumínio viram um aumento de procura após tarifas impostas à China. É o caso da Whirlpool.
5. Conclusão
As marcas com presença global não podem ignorar os efeitos das tarifas internacionais. É essencial integrar a análise de risco geopolítico e comercial na estratégia de negócio, seja para mitigar riscos ou para capitalizar oportunidades. Ao mesmo tempo, devem estar preparadas para gerir as reações dos consumidores que, cada vez mais, reagem politicamente através do consumo.
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