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Aceitação, tranquilidade, educação. Três palavras que me parecem fulcrais para olharmos para a Inteligência Artificial (IA) por estes dias. Se já muitos ouvimos falar de ferramentas como o Chat GPT ou o Bard, importa que compreendamos exatamente quais as vantagens ou desvantagens que podem trazer, para que estejamos prontos para o futuro.
Aceitação, porque é muito importante não pensarmos que conseguimos parar o avanço da IA. A 4ª revolução industrial está em curso e dela faz parte, de forma definitiva, como um dos grandes motores, a Inteligência Artificial, os dados, a computação avançada.
Se toda a atenção à volta deste tema não servisse para comprovar isso mesmo, estudos como o da Accenture, de maio deste ano, mostram-nos que a inteligência artificial é prioridade de investimento para 73% das empresas no mundo. A IA, que surgiu há cerca de 50 anos, veio agora para ficar, mas mais do que isso, veio para ajudar.
E por isso, a aceitação leva-nos a um olhar tranquilo embora atento. Tem-se falado muito da IA e de como pode acabar com alguns empregos no futuro (essa é, inclusive, uma preocupação que afeta 3 em cada 5 trabalhadores, segundo a OCDE). No entanto, sem descurar as preocupações das pessoas, importa que o impacto positivo seja realçado e destacado.
Foquemo-nos no número de pessoas que vão melhorar os seus empregos, os seus salários e a sua produtividade com recurso a ferramentas como estas, que nos permitem dedicar mais tempo a tarefas mais exigentes ou criativas. Foquemo-nos na quantidade de pessoas, sabemos que nem todas, em trabalhos pouco qualificados e mal remunerados que poderão ter formação para passarem a desempenhar funções mais complexas e recompensadoras.
Quanto mais deixarmos as máquinas realizar tarefas que não queremos, mais espaço teremos para aproveitar o nosso potencial enquanto pessoas e aproveitar o bem mais precioso que temos, o tempo.
Todas as revoluções da humanidade provocaram mudanças no mundo do trabalho, com o aparecimento de novos empregos e com o fim ou com a mudança de outros.
Alguns empregos, sabemos, deixarão de fazer sentido, mas também sabemos que a maioria das funções que iremos desempenhar em 2030 ainda não foram inventadas. Devem-nos deixar otimistas estudos como o mais recente do Banco Central Europeu, que revela que, em Portugal, uma maior exposição das profissões à IA poderá resultar em aumentos ao nível do emprego e dos salários pagos.
A história mostra-nos, inequivocamente, que há um saldo positivo entre os empregos perdidos para a automação e aqueles que foram criados graças à tecnologia. Basta pensarmos no aparecimento dos computadores e nos milhões de empregos entretanto criados em torno deles. As previsões, como nos diz a PwC no Reino Unido, são para que essa tendência se mantenha, com a IA a ser potencialmente responsável por 2,7 milhões de novos empregos líquidos até 2037.
Afinal, por trás de grandes máquinas estão sempre grandes homens e grandes mulheres.
Por isso, por último, Educação. Educação (que rima com formação, qualificação e requalificação) porque pessoas mais preparadas terão pensamento crítico, ética, responsabilidade para usar a tecnologia a seu favor.
O avanço da IA é acompanhado por uma procura, cada vez maior, de pessoas com competências digitais, tanto básicas como avançadas. Desta forma, é crucial investirmos tempo e meios a preparar todas e todos para melhor lidarem com a tecnologia no geral e com as emergentes em particular.
Se há um risco sério com o avanço da IA, e que verdadeiramente nos deverá preocupar, é o de que esta venha aumentar desigualdades e ameace a democracia e o bem mais fundamental: a liberdade. Este processo só faz sentido se for profundamente inclusivo, sem deixar ninguém para trás: novos, mais velhos, homens e mulheres, de todas as geografias e estratos sociais. É a isso que se propõe o INCoDe.2030, apoiado pelo .PT, através de uma série de iniciativas para a capacitação digital da população portuguesa, abertas a todos e todas, e que convido a conhecerem em www.incode2030.gov.pt.
Neste Verão, quando pensarmos em IA, mais do que levantar grandes ondas, talvez seja melhor surfá-las. E porque há quem não sabe surfar, a prioridade tem de ser ensinar!
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