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Nas últimas décadas, Portugal transformou-se profundamente. A abertura económica, a integração europeia, a globalização e, mais recentemente, a transição digital e verde alteraram o modo como produzimos, exportamos e competimos.
Neste percurso, as associações empresariais desempenharam um papel essencial, ainda que nem sempre visível. Ao celebrarem 50 anos, como a APICCAPS, a associação do calçado, muitas destas instituições representam hoje um dos pilares mais sólidos do tecido económico nacional.
Criadas num contexto de afirmação democrática, as associações empresariais nasceram da vontade coletiva dos empresários de defender causas comuns. Numa altura em que as estruturas de apoio eram incipientes, estas organizações assumiram-se como plataformas de união, diálogo e concertação. Ao longo dos anos, souberam adaptar-se, conciliando a defesa de interesses setoriais com uma visão estratégica de desenvolvimento. No caso do setor do calçado, há Planos Estratégicos desde 1978.
A sua missão vai muito além da simples mediação entre empresas e Estado. As associações são por natureza instituições de equilíbrio. Estão entre o poder político e o tecido produtivo, entre o mercado global e as realidades locais, entre as exigências da competitividade e a defesa do emprego. Esta posição única permite-lhes interpretar as transformações em curso e traduzi-las em políticas setoriais concretas.
No plano político, as associações empresariais têm sido interlocutores privilegiados junto dos governos, das instituições europeias e das entidades reguladoras. A sua intervenção é decisiva na definição de medidas de apoio à inovação, à internacionalização, à qualificação e, mais recentemente, à sustentabilidade. Representam setores inteiros, dão voz a centenas de pequenas e médias empresas - que de outro modo nunca seriam representadas - e ajudam a construir consensos em momentos de incerteza. Descurar o papel das Associações é não perceber o ecossistema empresarial.
Mas a relevância das associações não se limita à representação institucional. Elas são também agentes de promoção, responsáveis por projetar a imagem dos setores que representam na cena competitiva internacional. Feiras internacionais, campanhas de comunicação, estudos de mercado e programas de formação são exemplos concretos de como estas organizações têm contribuído para a valorização da produção nacional. No caso do setor do calçado, por exemplo, esta ação coletiva foi determinante para transformar um setor tradicional num símbolo de design, inovação e qualidade.
Importa reconhecer, contudo, que o contexto atual é mais exigente. A transição ecológica, a escassez de talento e a competição global obrigam as associações a reinventarem-se. Já não basta representar ou promover: é preciso antecipar tendências, formar novas gerações de empresários e liderar a transformação. O conhecimento e a cooperação são, hoje por hoje, as novas matérias-primas da competitividade.
A força destas instituições reside, precisamente, na sua capacidade de unir. Num tempo em que prevalece a fragmentação e o individualismo, as associações empresariais continuam a demonstrar que o progresso coletivo é possível quando há visão comum e sentido de missão. Representar um setor é, mais do que nunca, servir o futuro.
Ao celebrar 50 anos, cada associação celebra também as pessoas que acreditaram no valor da cooperação. Foram empresários, técnicos, dirigentes e equipas que, ao longo de meio século, ajudaram a construir uma economia mais moderna, exportadora e sustentável. Honrar esse legado significa continuar a defender causas, promover setores e acreditar que juntos se vai mais longe.
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