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“And Now What?”. A pergunta
reflete o momento vivido atualmente pela indústria da moda. Depois de uma
pandemia que quebrou o ciclo do setor, são muitas as perguntas e os desafios
que surgem pela frente. Foi este o mote escolhido para uma edição marcante da
ModaLisboa: o público regressou e celebraram-se os 30 anos do evento.
Ao entrar no Capitólio, no Parque
Mayer, ainda que sob as restrições às quais a pandemia já nos habitou, sente-se
a azáfama da organização e dos convidados. Afinal de contas, há dois anos que
os profissionais ligados ao setor e o público não se reuniam neste que é para
muitos o maior evento de moda a nível nacional.
“Temos 30 anos de especialização
em eventos físicos e, de repente, o que estávamos a fazer não tinha a ver com a
natureza do nosso trabalho. Tivemos de repensar outras equipas e pensar a moda
do ponto de vista do ecrã. Agora voltámos a ter público e parece que já não
sabemos como lidar. Todos nós, o próprio publico, os criadores, aqueles que
estão no backstage estão a reaprender a funcionar. Uma edição digital tem
outras metodologias de funcionamento. É gravada antes e tem toda uma outra
logística.
Estamos todos a reaprender, inclusive a reaprender a
cumprimentar-nos, que era uma coisa natural na área da moda”, começa por nos
dizer a presidente da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, que há 30 anos,
juntamente com Mário Matos Ribeiro, seria a responsável por fundar um evento
que se tornou decisivo para o desenvolvimento da indústria em Portugal, dando a
conhecer ao mundo os melhores, mas também as novas gerações de designers
nacionais.
Se na primeira edição, que
aconteceu em abril de 1991 no Teatro São Luiz, 13 criadores apresentaram
coleções para o inverno de 1991/92, 30 anos depois, a 57ª edição, realizada na
Estufa Fria, no Capitólio e também em formato digital, contou com 21
apresentações de marcas e designers nacionais, sem estação associada. A grande
novidade foi o regresso do público, depois de uma edição totalmente digital em
março e de outra totalmente ao ar livre em outubro do ano passado.
Foram quatro dias de desfiles,
conversas e workshops, para celebrar a moda de autor, debater sustentabilidade
e futuro e a assistir ao encontro entre Moda e Inovação, numa altura em que são
muitas as questões em cima da mesa principalmente depois de uma paragem que o
setor nunca antes tinha vivido. O mote “And Now What?” parte precisamente desta
ideia.
Apesar da paragem, vive-se uma
altura de verdadeira revolução na indústria. “Foram dois anos em que as coisas
aparentemente pararam, mas não pararam. Fez-se imensas coisas, por exemplo na
área da sustentabilidade. Se nós olharmos houve realmente passos importantes,
nomeadamente na indústria portuguesa, mas há ainda tanta coisa por fazer. Uma
das ações a fazer é tentar canalizar toda a tecnologia desenvolvida e em
desenvolvimento para a boa ação, que é produzir menos desperdício, o menos
tóxico, ser mais inclusivo. Com esta evolução das malhas 3D e dos próprios
tecidos é possível se calhar fazer outro tipo de roupa genderless. (…)
Portanto, fazer com que a tecnologia seja uma aliada no «fazer bem»”, refere
Eduarda Abbondanza.
Entre as marcas e criadores
que apresentaram coleções nesta edição estiveram Constança Entrudo, Carlos Gil,
Ricardo Preto, Buzina, Gonçalo Peixoto, Luís Carvalho, Nuno Baltazar, Cravo
Studios, Béhen e Fora de Jogo. Destaque para os regressos de Luís Buchinho e
Nuno Gama. “Estava cheio de saudades. Durante dois anos morres de saudades de
tudo isto.
É o momento, os desfiles, os
amigos, os clientes. É uma grande montra e uma forma de mostrarmos o nosso
trabalho”, afirma o designer, que no seu desfile pintou e desenhou o Alentejo,
refletindo a jornada pandémica que percorreu e em que se questionou como se
encontraria o mundo depois de reparar no ritmo frenético em que vivia.
De referir ainda que, além dos
criadores conceituados, a ModaLisboa voltou a apresentar o “Sangue Novo”,
concurso destinado a finalistas de cursos superiores de Design de Moda de
escolas nacionais e internacionais e jovens 'designers' em início de carreira,
de onde saíram cinco finalistas que vão disputar os prémios na próxima estação.
Um palco para as novas gerações de talento.
É caso para dizer que, apesar da
paragem e da crise, a moda nacional continua viva e recomenda-se. Apenas está à
procura de respostas, como o resto do mundo.
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