Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial:
O jornalismo nunca foi tão importante para a economia do país. Apoie a produção dos nossos conteúdos tornando-se membro ou subscritor da nossa comunidade.
Faça parte de uma causa de empoderamento das marcas, das empresas e das pessoas que nelas trabalham.
O que dizer de uma rede
social que em 30 minutos consegue descortinar motivações e sentimentos que os
utilizadores, maioritariamente muito jovens, podem ainda nem ter reconhecido em
si próprios?
E quando o algoritmo usa essa
informação para os manter agarrados ao ecrã, servindo conteúdos que amplificam
o seu estado de espírito, sem bússola moral que diferencie vídeos positivos que
os animam de vídeos deprimentes que os afundam?
Para quem acha que o Facebook
já deu o que tinha a dar, agora que as preocupações com a privacidade quase
eliminaram a partilha da vida idílica de cada um e que os conteúdos transbordam
de comentários ignóbeis de ativistas de sofá, e para aqueles a quem o Instagram
nunca disse muito, ainda que fosse mais polido e onde porventura ainda subsistam
algumas “comunidades”, eis que ganha tração a próxima droga de eleição: o
TikTok.
Esta rede social entra pela
via do conteúdo original, sob a forma de vídeos de muito curta duração (alguns
com menos de 10 segundos), graças a ferramentas práticas e intuitivas de edição
que permitem a qualquer um fazer uma montagem pronta a partilhar, qual YouTube
super aditivado, pronto para um zapping alucinante. Aqui a palavra de ordem é “entretenimento”, com os utilizadores a
produzirem conteúdo, não necessariamente só sobre si ou o seu dia a dia, mas
também explorando ideias originais ou seguindo tendências de outros criativos
que se tornam virais com a mesma velocidade com que desaparecem.
À semelhança das restantes
plataformas, a chave do sucesso está relacionada com a exposição a conteúdos
que nos interessam, recompensando o cérebro com doses de dopamina subtis, mas
eficazes, alavancadas pela facilidade de partilha com familiares, amigos e
desconhecidos, mesmo que não tenham a aplicação instalada.
Com o entretenimento no seu
centro, o efeito de rede de amigos e páginas subscritas com um “like” é menos
relevante, embora esses mecanismos também existam. O que aqui brilha é a “fyp”
ou “for you page”: uma sequência de
vídeos alinhados por um algoritmo curador, que avalia o tempo gasto com cada
tipo de vídeo para servir a cada utilizador mais e mais daquilo a que este
responde, ao ponto de se poder tornar num espelho de uma realidade que nem
sempre queremos reconhecer.
Segundo o Wall Street Jornal,
podem bastar 30 minutos para traçar o nosso perfil, com uma eficácia tal que
90% dos vídeos que veremos daí em diante resultem de uma escolha automática que
afina e afunila o tipo de conteúdos, ao ponto do jornalista usar a expressão “down
the rabbit hole”, numa alusão à facilidade com que podemos descender a um beco
sem saída, onde nos é servida uma sequência interminável de vídeos pouco ou
nada validados relativamente à sua adesão aos princípios da plataforma, por
exemplo no que diz respeito à presença ou incitação de violência,
desinformação, discriminação, etc.
Numa altura em que no
Facebook pululam posts como o de
alguém que se indigna contra a proliferação de baloiços em pontos turísticos de
Portugal, e em que o Instagram prolifera com influenciadores, o TikTok dá uma
sensação mais democrática de acesso a conteúdos e criadores, ajudada por um
algoritmo que, embora possa afunilar os temas, dá uma oportunidade de exposição
mundial a todos os seus conteúdos, em vez de se concentrar exclusivamente nos
que já demonstraram ter maior tração, pelo número de likes ou de subscritores
do seu criador.
Não admira por isso que, tal
como tantas tecnologias digitais, tenha riscos que se vão ponderando à medida
que os problemas vão surgindo, pouco ou nada impedindo a sua adoção voraz. Como
com as restantes, há que avançar com cuidado, fazendo um esforço adicional para
juntar esta fonte de informação/ entretenimento a muitas outras para não perder
a perspetiva. E não: não é só para malta jovem.
Artigos Relacionados
A carregar...
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.