Cada vez mais vemos a palavra “elétrico” associada aos transportes individuais, coletivos ou de mercadorias. A mobilidade está a mudar a olhos vistos e a tornar-se mais ecológica e sustentável. Ainda bem que assim é.

É um facto irrefutável, mesmo que haja ainda um longo caminho a percorrer, até se enraizarem novos hábitos.

As cidades mostram estar neste caminho para serem mais verdes e limpas tornando-se, assim, também mais atrativas, precisamente por apostarem em diferentes opções de mobilidade mais amigas do Ambiente. A forma como as pessoas se deslocam tem um peso enorme nesta transformação. Mas há ainda muito a fazer. Os desafios são grandes e o investimento necessário também. Porém, não são maiores que os benefícios.

Novas rotas de transportes públicos e horários mais frequentes que deem resposta às necessidades dos cidadãos, mais ciclovias, melhores infraestruturas, maior acessibilidade e mais postos de carregamento para veículos elétricos são alguns dos pontos que contribuem para reduzir as emissões de CO2 e ajudam a tornar melhor a qualidade do ar.

É importante que a mobilidade sustentável continue a estar nas agendas de quem debate e toma decisões e que se chegue a um consenso para o desenvolvimento de políticas públicas. Têm de ser encontradas estratégias que tornem as formas de transporte ainda consideradas “alternativas” numa regra e que aumente a sua procura.

Nos últimos anos, temos assistido, por exemplo, à implementação de restrições à circulação de carros mais antigos em zonas históricas das cidades, como é o caso de Lisboa, com o objetivo de reduzir a poluição associada, mas, uma vez mais, é preciso ir muito além disso e agir diferente.

A transição para uma mobilidade sustentável é imperativa e carece do empenho de todos. Governos, municípios, operadores de transportes, empresas de todos os setores e, claro, dos cidadãos que, efetivamente, podem mudar a forma como se deslocam no quotidiano.

As empresas, de modo geral, também podem tornar-se agentes da mudança e, numa altura em que – felizmente – a sustentabilidade ocupa um lugar de destaque, estas podem adotar políticas de mobilidade que incluam, por exemplo, o incentivo ao uso de transportes públicos, à partilha de carros entre colaboradores que façam os mesmos percursos ou mesmo a adoção modelos de trabalho híbridos (presencial e a partir de casa) para reduzir as deslocações diárias. Há várias opções, que também promovem a vida saudável!

A verdade é que se analisarmos o trânsito rodoviário, vemos implicações significativas não só para o Ambiente e para a eficiência das cidades, como a nossa própria qualidade de vida. Todos já passamos pelo stress de estarmos presos numa fila que não anda, já procuramos alternativas mais rápidas no GPS… Mas será que já ponderamos, seriamente, em deixar o carro em casa? Provavelmente, não. Seja por comodismo, mas também por falta de opções alternativas, eficazes e convenientes.

Simultaneamente, e como em praticamente todos os assuntos, creio que é igualmente importante apostar na consciencialização das pessoas e promover uma verdadeira literacia sobre a mobilidade sustentável, através de campanhas de comunicação e de sensibilização que cheguem a todos os que dela podem usufruir.

No fundo, temos de começar a conjugar o verbo “ir” de forma mais sustentável para que o Planeta chegue mais longe.