Os millennials são a mais nova geração de pais. Conectados, conhecem-se e namoram on-line, trabalham pela internet e são pais com experiência digital, que partilham a sua felicidade e experiências de gravidez com o mundo através de um simples clique. Pela primeira vez, quase uma geração inteira de pais está tecnologicamente apta a conectar-se. Os seus filhos são os primeiros a nascer ‘nativos digitais’ que não conseguem imaginar um mundo sem internet e estão dependentes da digitalização.

Estas duas gerações são atualmente um desafio para os profissionais de marketing. As crianças, também conhecidas como “Geração Alpha ou Gen A”, que nasceram após 2010, representam globalmente um número significativo da população, e não só provocam uma mudança no consumo dos meios de comunicação social, como também influenciam os gastos das famílias e as decisões de compra em todas as categorias.

Como filhos dos millennials, estes nativos digitais na era da IA, destacam-se pelo seu sentido de humor, atitudes, vocabulário e expressões únicas, causando impacto na forma como as marcas estão a elaborar as suas estratégias de media para os alcançar.

O que define o perfil de consumo dos Gen A e quais as características que devem ser consideradas no radar dos profissionais de marketing?

YouTube assume o papel de baby sitter

As crianças de hoje já não ficam à espera de ver na TV os seus desenhos animados preferidos ou outros programas infantis. Se a Geração Z já possui padrões de consumo diferentes da anterior, esta é uma geração com hábitos ainda mais diferentes e que está a crescer com os vídeos online. A tendência mostra que os filhos mais novos da geração Alpha transmitem cada vez mais conteúdos de vídeo, passando para segundo plano a leitura de livros e os jogos de vídeo.

O YouTube, em particular, destaca-se como uma plataforma de vídeo popular entre os Gen A, estimulando uma geração mais jovem de criadores de YouTube com quem as marcas estão cada vez mais interessadas em trabalhar. Também tem impulsionado a que grandes plataformas de streaming, como Netflix e Disney+, desenvolvam e integrem mais conteúdo infantil para se manterem competitivas, consolidando-se entre as preferidas deste target.

Com mais crianças a transmitir conteúdo, o tradicional tempo de “visualização familiar” na sala de estar está a diminuir, sendo substituído por um consumo mais privado e individual, muitas vezes através de um tablet. Esta forma de consumo de vídeo on demand pela Geração Alpha dá maior valor ao controlo e intencionalidade nas suas experiências com os media e manifesta-se na preferência pelos jogos imersivos e criativos como Roblox e Minecraft, onde constroem mundos e partem em aventuras com outras pessoas, permitindo exercer a sua criatividade individual.

Parque infantil virtual

Não é nenhum segredo que, para muitas crianças de hoje, a socialização acontece principalmente nas plataformas digitais, especialmente nas redes sociais e, cada vez mais, nos jogos online. Plataformas de social media, como Instagram, TikTok e Facebook, tornam-se populares para os utilizadores da Geração Alpha.

Para as marcas que procuram conectar-se com o público Alpha, os jogos de vídeo devem ser um canal a considerar, incluindo os canais relacionados com jogos, como transmissões ao vivo de jogos no Twitch e no YouTube e concursos de desportos eletrónicos. É nesta arena virtual que se formam as gírias e os memes, onde se desenrola a socialização e se cria uma cultura própria, exclusiva desta geração.

A geração nativa de IA

Grande parte dos Alphas são a primeira geração com fluência nativa em IA, que lhes permite aproveitar esta tecnologia de formas inovadoras. Este grupo não tem receio de utilizar a IA como apenas mais uma ferramenta entre outras, nomeadamente para realizar os seus trabalhos escolares, e como forma de pesquisa.

Além disso, para uma geração que já procura controlar o seu consumo de media e expressar a sua criatividade nos jogos, a IA generativa será provavelmente adotada pelos Alphas como uma ferramenta criativa que os ajuda a criar conteúdos únicos, conceber experiências personalizadas e explorar possibilidades infinitas.

E, como se comporta a Geração Millennial perante os seus filhos?

Para muitos pais millennials, a sua introdução à parentalidade decorreu no contexto da pandemia, em que os dias letivos se passavam no Zoom, e o YouTube se tornou o principal serviço de atendimento infantil disponível, o que originou vários estilos parentais distintos entre estes pais em comparação com as gerações anteriores. Desde a parentalidade plena, em que os Millennials consultam as preferências e sentimentos dos seus filhos através de acordos frequentes e comunicação aberta, a experiências em detrimento de bens materiais, ou estando profundamente envolvidos na vida dos seus filhos como participantes ativos (atividades académicas, extracurriculares).

Como resultado destas novas características, os hábitos de consumo relacionados com as crianças mudaram nos últimos anos, nomeadamente no segmento dos brinquedos, prevendo-se até 2023, o crescimento do mercado de brinquedos educativos e “Phygital” para estimular o desenvolvimento emocional e as competências.

A Gen A ainda agora chegou, mas já está a causar impacto nas marcas que devem considerar como vão adaptar as estratégias de marketing e vendas para atingir este público, apostar na criação de conteúdo interativo e visual privilegiando a experiência, promover hábitos sustentáveis alinhados com os incentivos de compra, considerar as questões sociais e dar prioridade ao vídeo.